Os 7 desafios da indústria da construção
Verum Institute
Globalmente, a indústria da construção fornece sinais de uma tendência de constante crescimento. Seja rápido ou mais tímido, ele se mantém. No Brasil, de acordo com dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) entre 2021 e 2022, a construção civil cresceu 17,7%. Para 2023, a expectativa é de um crescimento de 2,5%. Se confirmado, o percentual irá marcar o terceiro ano consecutivo de avanço no setor.
Dados recentes da Statista indicam que, globalmente, o tamanho da indústria da construção totalizou alcançou a marca de US$ 8,2 trilhões em 2022 e deve chegar a US$ 14,4 trilhões até 2030. Já a taxa composta de crescimento anual (CAGR) é estimada em 7,3%, conforme análise da Exactitude Consultancy.
Enquanto as estatísticas apontam um cenário promissor, os gestores do setor se deparam com uma série de desafios. Um deles é investir na capacitação das pessoas, em uma abordagem de formação continuada.
Mas não para por aí. São muitas as demandas que exigem um olhar atento e estratégico na indústria da construção.
Neste artigo, apresentamos os sete principais desafios do setor. Descubra quais são eles!
#1 Gestão de produtividade
Atrasos, perda de materiais, desperdício de recursos como o tempo dos envolvidos, e insatisfação do cliente final são apenas alguns dos problemas com origem na baixa produtividade.
Quando o desempenho da equipe fica aquém do esperado, o fluxo de trabalho no canteiro de obras dificulta o cumprimento das etapas do cronograma, e tende a gerar, inclusive, conflitos entre os profissionais e insatisfação.
#2 Digitalização e futuro da indústria da construção
Acelerar o processo de modernização para gerar um produto final com métodos construtivos modernos e gestão voltada para resultados: essa é uma das prioridades da indústria da construção.
O despertar para a inovação é uma realidade e um caminho sem volta, mas ainda incipiente e sem metodologia estabelecida.
Por isso, o desafio da vez é investir na digitalização e modernização do setor. Caso contrário, as empresas tendem a permanecer ineficientes e mais suscetíveis à concorrência, com ameaças e fraquezas em evidência.
Para empreender a jornada de revolução digital na indústria da construção, os gestores têm a tarefa de buscar alternativas para incorporar as tecnologias inovadoras que serão aplicadas na operação. Se por um lado, elas proporcionam a automação de processos e tarefas, por outro criam novas vagas, atraindo as gerações mais jovens para trabalhar no setor.
#3 Atração e retenção de talentos
Em vários países, as estatísticas da indústria da construção mostram uma escassez de profissionais.
No Brasil, o crescimento repentino nos primeiros anos de pandemia gerou novas vagas no mercado, que antes já registrava carência de mão de obra qualificada. Agora, a indústria da construção tem o desafio de buscar profissionais qualificados para as 474 mil vagas criadas de março de 2020 até dezembro de 2022. Os números são da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC), representante institucional do setor que mede e acompanha as movimentações e tendências do segmento.
Já nos Estados Unidos, as empresas do setor também seguem à procura de profissionais. Segundo dados da Associated Builders and Contractors (ABC), a indústria da construção precisará atrair cerca de 546 mil trabalhadores adicionais além do número médio de contratação em 2023 para atender à demanda por mão de obra.
Isso se dá também porque o trabalho na área costuma ser visto como pesado, entediante e perigoso.
Além da escassez de mão de obra, a indústria também sofre com lacunas de talentos e habilidades causadas pela falta de investimento em treinamento avançado e na formação continuada na construção.
Neste contexto, o desafio dos gestores é criar alternativas para atrair, contratar e reter profissionais qualificados.
#4 Custos de materiais mais altos e problemas na cadeia de suprimentos
Especialmente depois de 2020, foi possível observar um aumento nos custos de materiais e problemas na cadeia de suprimentos da indústria da construção. Além do Brasil, outros países, incluindo Estados Unidos e nações europeias, se depararam com as mesmas questões.
Com a pandemia da Covid-19, a cadeia de suprimentos foi levada ao limite, com bloqueios e restrições ampliando seus problemas.
A expectativa é que a cadeia de suprimentos continue se recuperando. Embora os preços de alguns materiais já tenham caído, a indústria da construção suspeita que haverá um período contínuo de altos e baixos.
A expectativa é que a cadeia de suprimentos continue se recuperando. Embora os preços de alguns materiais já tenham caído, a indústria da construção suspeita que haverá um período contínuo de altos e baixos.
#5 Mitigação de riscos de saúde e segurança
Na indústria da construção, a preocupação com a saúde e segurança é uma constante. Nos canteiros de obras, são vários os perigos e riscos que podem levar a acidentes. Não à toa, o Brasil possui um conjunto de normas reguladoras (NBR) que definem e orientam os cuidados e boas práticas de segurança no trabalho.
Segundo dados da Série SmartLab de Trabalho Decente, em 2022, o país registrou 612,9 mil notificações de acidentes de trabalho e 2,5 mil óbitos. Os profissionais da indústria da construção estão entre aqueles mais expostos aos riscos. Portanto, para evitar acidentes e doenças, um dos desafios dos gestores é colocar um foco maior na segurança do trabalho.
Além de reduzir e mitigar impactos riscos de saúde e segurança, a estratégia pode contribuir para resolver os problemas de escassez de mão de obra. Ao tornar o trabalho na indústria da construção um campo seguro, o setor se tornará mais atraente também para os profissionais jovens.
#6 Sustentabilidade nas “cidades inteligentes”
A sustentabilidade na indústria da construção tem sido cada vez mais discutida no setor. Práticas inadequadas, longas linhas de abastecimento, desperdício de recursos, uso de materiais poluentes que geram impacto no meio ambiente estarão sujeitas a uma legislação ainda mais rigorosa.
Além disso, segundo previsões da Method, cerca de 66% da população global viverá em centros urbanos. De tal modo, as obras devem ter como objetivo tornar as cidades “mais inteligentes” e sustentáveis. Isso inclui o uso de ferramentas e sensores de IoT, por exemplo, para medir o fluxo de tráfego e o consumo de energia.
Além disso, outro desafio é implantar sistemas adequados de descarte de resíduos. E a indústria da construção tem muito a contribuir para a superação de todos esses desafios.
#7 Gestão competitiva em mercado exposto a variáveis
Na prática, o desafio é conduzir uma administração estratégica, orientada por indicadores, que permita manter um alto nível de competitividade. A médio e longo prazos, vários fatores levam a acreditar que a construção civil pode ser impulsionada.
Um deles é o aumento significativo do produto interno bruto (PIB) da construção, que teve uma alta de 6,9% em 2022, puxando o crescimento da economia, segundo dados do IBGE, divulgados no portal da Abrainc. Além disso, de acordo com o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, o setor da construção espera um crescimento de 2,5% em 2023. Essa taxa de crescimento supera a média da economia nacional e representa o terceiro ano consecutivo de expansão.
Em matéria publicada no CNN Brasil Business, especialistas afirmam que o setor de construção pesada, responsável por obras de infraestrutura, desempenhará um papel fundamental no crescimento contínuo da construção civil, que teve início também em 2020.
Ainda de acordo com José Carlos Martins (CBIC), devido ao aumento de contratos impulsionados por concessões e novos marcos regulatórios na área, espera-se que o setor de construção pesada substitua o setor de habitação e se torne o principal motor de crescimento na construção civil, especialmente nos anos de 2024 e 2025.
Segundo um estudo publicado pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), prevê-se que os setores de transporte e saneamento receberão aproximadamente R$ 160 bilhões em investimentos até 2026. Esses investimentos são resultado de iniciativas de concessão e parcerias público-privadas (PPPs) em âmbito federal, estadual e municipal.
Segundo um estudo publicado pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), prevê-se que os setores de transporte e saneamento receberão aproximadamente R$ 160 bilhões em investimentos até 2026. Esses investimentos são resultado de iniciativas de concessão e parcerias público-privadas (PPPs) em âmbito federal, estadual e municipal.
Essa mudança de cenário representa uma recuperação para um segmento que foi prejudicado tanto pela crise econômica de 2015 e 2016 quanto pelas paralisações decorrentes da Operação Lava Jato, que resultou em investigações e acusações de práticas ilegais de corrupção em contratos envolvendo grandes empresas do setor.
Neste contexto, há muito potencial para o investimento em novos projetos e o crescimento do setor. Impulsionado por novos contratos e marcos regulatórios, tornando o cenário bastante animador.
Conclusão
Cada área tem seus desafios, e na indústria da construção não é diferente. O setor lida com empreendimentos caros, arriscados, que envolvem longos prazos e são regulamentados por normas específicas. Além disso, problemas como atrasos, perda de materiais, desperdício de tempo e recursos são recorrentes no setor.
Líderes são desafiados diariamente, enfrentando inúmeros desafios quando buscam obter visibilidade total em relação à produtividade de seus projetos e à eficácia de seus métodos de gerenciamento.
Além disso, a digitalização crescente e necessária do setor, gera uma certa repulsa em algumas lideranças, prejudicando o andamento dos projetos.
Ademais, a indústria da construção também sofre com a retenção de talentos e mão de obra qualificada, perdendo profissionais para outros segmentos.
Entretanto, em se tratando do cenário futuro, a previsão é positiva, porém os líderes devem estar preparados para enfrentar todos os riscos e acompanhar a evolução do setor.
Embora a gestão seja complexa, é possível enfrentar esse cenário de frente desde que você conte com os recursos certos.
Embora a gestão seja complexa, é possível enfrentar esse cenário de frente desde que você conte com os recursos certos.
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